Imagem e menopausa: ressignificação da presença feminina por meio da consultoria de imagem


A menopausa, enquanto fenômeno biológico inevitável na trajetória de vida da mulher, ultrapassa os limites do corpo e das transformações hormonais, configurando-se como uma experiência biopsicossocial de grande complexidade. Normalmente situada entre os 45 e 55 anos, essa fase coincide com um período de alta exigência emocional e cognitiva, em que muitas mulheres já atingiram estabilidade profissional, acumularam conquistas e ocupam posições de liderança. No entanto, é também um tempo de silêncios: o corpo fala, mas muitas vezes não é ouvido, nem pela mulher nem pela sociedade que a cerca.

Do ponto de vista sociocultural, a menopausa permanece envolta em estigmas de envelhecimento e perda, o que reverbera diretamente na percepção da imagem pessoal. Em sociedades marcadas pela valorização da juventude, do corpo magro e da estética idealizada, a mulher madura tende a sentir-se deslocada e menos valorizada socialmente. Essa sensação de descompasso entre o que ela é e o que o mundo parece esperar dela pode fragilizar a autoconfiança, inclusive em ambientes corporativos. A transição da menopausa está fortemente associada a uma piora na percepção da autoimagem e no sentimento de pertencimento social.

Essa constatação reforça a necessidade de olhar para a menopausa não apenas como um evento fisiológico, mas como uma travessia identitária. A mulher que se encontra nesse momento da vida lida com o desafio de adaptar-se a um corpo em transformação sem abrir mão de sua potência e autoridade. É nesse espaço que a consultoria de imagem se torna um instrumento de ressignificação e reconstrução simbólica. Mais do que um trabalho sobre vestuário ou estética, trata-se de um campo que integra percepção, comportamento, expressão e autenticidade, um espaço de reconexão entre o interno e o externo, o visível e o invisível.

A importância de ouvir o próprio corpo é essencial para a saúde mental da mulher (Origem da imagem: I.A).

Observa-se o seguinte exemplo: quando uma mulher relata sobre menstruar com certa felicidade, convive com um período menstrual mesmo doloroso e intenso desde a adolescência dela, mas durante mais de trinta anos convive com cólicas incapacitantes, desconfortos e limitações que afetavam a rotina e sua produtividade. Acredita que nada pode ser mais difícil do que esse ciclo incessante de dor. Contudo, quando a menopausa finalmente chega, traz consigo um conjunto de desconfortos que a desconcertaram: oscilações de humor, sono fragmentado, ondas de calor e uma sensação de perda de controle sobre ela mesma. Ela nesse momento sente que se desconhece. E, mais uma vez, há uma jornada que a consultoria de imagem devolve um eixo. Ao revisitar a própria imagem, a mulher ressignifica seu olhar sobre o corpo e compreende que maturidade e beleza podem, sim, coexistir em plena harmonia. O processo de autoconhecimento que a consultoria de imagem propõe é, nesse contexto, profundamente terapêutico. Ao analisar formas, cores, proporções e estilos, não tratamos apenas de roupas, mas de significado. Cada escolha estética comunica, e é nessa comunicação visual que a mulher pode reconstruir sua presença social. O vestir-se, o gesto, o olhar e o modo de ocupar o espaço são manifestações externas de um estado interno. A mulher em menopausa, ao revisitar esses códigos, não busca camuflar o tempo, mas integrá-lo, e isso é libertador.

Pesquisas recentes confirmam que a percepção negativa da imagem corporal durante a menopausa está associada a maiores níveis de ansiedade e depressão (Simbar et al., 2020). Isso indica que trabalhar a imagem pessoal não é um ato de vaidade, mas de saúde emocional. Uma consultoria conduzida com sensibilidade pode ajudar a restaurar o equilíbrio entre corpo, mente e expressão, devolvendo à mulher a sensação de controle e protagonismo sobre a própria narrativa visual.

No ambiente corporativo, essa reconstrução assume uma dimensão ainda mais relevante. Muitas mulheres estão em posições de liderança ou de transição de carreira, lidando com expectativas elevadas de performance e aparência. A chamada “presença executiva”, composta pela combinação de gravitas, comunicação e aparência (Hewlett, 2014), é frequentemente abalada quando a mulher se sente desconectada da própria imagem. A consultoria de imagem, nesse sentido, oferece instrumentos concretos para que ela reafirme sua autoridade e autenticidade, não por meio da adequação a padrões externos, mas da coerência entre quem é e o que comunica.

Trabalhar a imagem pessoal não é um ato de vaidade, mas de saúde emocional (Origem da imagem: I.A).

No entanto, é preciso ir além do nível individual. A mulher que atravessa a menopausa e se posiciona com visibilidade e autenticidade cumpre também um papel coletivo. Ao afirmar sua presença, ela redefine os códigos de maturidade e amplia as possibilidades de representação do feminino. Estudos como de “Cultural Determinants of Body Image: What About the Menopausal? (MDPI, 2024) destacam como os fatores culturais moldam profundamente a forma como as mulheres percebem e vivenciam seus corpos nessa fase. Desvincular a imagem madura da ideia de declínio é um ato de resistência e de reeducação simbólica.

O trabalho da consultora de imagem, portanto, adquire contornos éticos e políticos. Ele exige técnica, sensibilidade e consciência crítica. Técnica para compreender as proporções, harmonias e linguagens visuais; sensibilidade para acolher o momento emocional da cliente e reconhecer as sutilezas do envelhecer; e consciência crítica para atuar como agente de transformação social, promovendo narrativas mais inclusivas sobre o corpo maduro e a beleza real. É um trabalho de mediação entre o interno e o externo, entre o visível e o invisível, entre o que se sente e o que se mostra. Sob essa perspectiva, o envelhecer não é um processo de apagamento, mas de lapidação. O corpo amadurecido carrega história, marcas e significados que, quando acolhidos com amor e traduzidos esteticamente com intencionalidade, resultam em uma imagem poderosa e autêntica. A consultoria de imagem, ao servir como ponte entre autoexpressão e aceitação, permite que a mulher em menopausa encontre novas formas de brilhar, com dignidade, elegância e força.

Portanto, a menopausa não deve ser vista como um ponto de ruptura, mas como um rito de passagem para uma nova consciência de si. A mulher que se reencontra por meio da imagem aprende a habitar o próprio corpo com mais respeito e liberdade. O espelho, antes um território de crítica, transforma-se em espaço de reconciliação. Nesse sentido, a consultoria de imagem torna-se uma prática de autoconhecimento e poder, um meio de reconstruir presença e propósito.

Quando a mulher entende que sua imagem é um instrumento de comunicação e não de submissão, ela retoma o protagonismo da própria narrativa visual. E ao fazê-lo, inspira outras mulheres a fazerem o mesmo, construindo um novo imaginário coletivo sobre a maturidade feminina: um imaginário que celebra a potência, a sabedoria e a beleza que só o tempo é capaz de conceder.

Este artigo foi escrito Viviane Procópio

Viviane Procópio é Consultora de Imagem e Estilo, mentora e palestrante, fundadora da Viviane Procópio Consultoria, onde inspira mulheres a ressignificarem sua imagem e presença por meio do autoconhecimento, da estética e do comportamento. Seu lema “Construa a mulher que você quer ser”, reflete a essência de seu trabalho: ajudar mulheres a expressarem, com autenticidade, a força e a beleza das suas trajetórias.
Graduada em Educação Física e pós-graduada em Jornalismo Digital, Viviane traz em sua trajetória uma sólida experiência nas artes e na produção cultural, área em que atua há mais de 25 anos como empresária e produtora. Essa bagagem amplia sua percepção sobre corpo, movimento, comunicação e identidade, pilares que sustentam sua abordagem única na consultoria de imagem. Une técnica, sensibilidade e repertório cultural para ajudar mulheres a expressarem, com confiança e autenticidade, sua identidade e propósito.

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