Se existe algo imprescindível para a sobrevivência de qualquer negócio autônomo é saber elaborar suas estratégias de marketing. Parte dos profissionais em consultoria de imagem investe massivamente em capacitação técnica e esquece que nada vai acontecer se não souber vender e fazer seu público reconhecer o valor que você é capaz de entregar.
Apesar de ter formação superior em marketing de moda, foi atuando que aprendi a lidar com a dor da exposição, apresentar minhas ideias e valores ao mundo. Depois de dez anos trabalhando com desenvolvimento de produto de moda, a vida me deu um rodopio e, de repente, me vi inserida no mercado de cosméticos, no segmento de venda direta. Tive um crescimento rápido e durante oito anos ocupei o cargo de diretora executiva de marketing direto, liderando quatro unidades com aproximadamente 200 consultoras de beleza. Foi o meu laboratório mais precioso, onde pude me certificar do poder do famoso boca-a-boca.
Ainda acredito no formato individualizado, mesmo digitalmente. Uma apresentação, um recado, um contato personalizado tem impacto emocional. Faz com que a pessoa se sinta importante, realmente única. Segundo Dale Carnegie, em seu livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, o nome de uma pessoa é para ela o som mais doce e mais importante que existe em qualquer idioma.
No entanto, não é o que estamos vivendo. Estamos na era da reputação baseada em volume de seguidores, de curtidas, interação em massa e carinho pulverizado. E estar fora das redes onde todo mundo está é se esconder, é escolher não ser visto, nem lembrado. Por isso, lá estamos. Todos ao mesmo tempo, querendo ser vistos e lembrados. E então, para dar uma mãozinha, e deixar suas interações mais “organizadas”, entra o algoritmo e te coloca uma “tag”:
“Ah, você é da turma da imagem pessoal? Tenho uma bolha aqui especialmente para você!“
Quem nunca teve uma crise de redes sociais que dê a primeira descurtida. Quem nunca sentiu que o mercado está saturado de gente que faz a mesma coisa que você? Só que melhor e muito mais rápido. Sejamos sinceros: quantos “reels” ensinando a enrolar um cinto passou na sua “timeline” nesse último mês?
Estamos todos fazendo a mesma coisa, falando da mesma coisa, bebendo nas mesmas fontes, nos “inspirando” mutuamente, no mesmo lugar, para as mesmas pessoas, e querendo convencê-las de que são únicas. Como realmente nos diferenciar? E como manter nosso emocional em segurança no meio dessa surra de conteúdos relacionados?
Quero compartilhar algumas alternativas que têm feito sentido para mim, mesmo que eu ainda não tenho conseguido aplicá-las 100% (sejamos honestos):
Pare de achar que o mercado está saturado
Segundo dados da “Cia World Factbook” em 2019, o mundo tem aproximadamente 5,6 bilhões de adultos, sendo 2 bilhões somente de mulheres entre os 15 a 54 anos. O que está saturada é a sua bolha do instagram. Expanda seus horizontes.
Eleja 5 referências da sua área
Você não precisa seguir e acompanhar todos os consultores de imagem do mundo. Escolha alguns poucos perfis que você considera que são referência para você (pode ser aquela colega que acabou de começar, com 300 seguidores, mas está fazendo um trabalho lindo de divulgação.) É mais do que suficiente para te inspirar e atualizar.
Alimente sua curiosidade sobre assuntos diversos
Estude sobre plantas, carros, astronomia ou sobre qualquer coisa que desperte a sua curiosidade. Tenha hobbies. Ter o conhecimento mega-ultra-puxa especializado te dá autoridade, no entanto é a riqueza de repertório que vai te diferenciar.
Siga perfis de empreendedores ou autônomos de outras áreas
O que as pessoas que atuam como você, de forma independente ou empreendendo em uma microempresa, por exemplo, estão fazendo para serem vistos? O que o marketing de uma professora de yoga, uma loja de produtos eróticos, um petshop, uma distribuidora de vinhos ou clínica de fisioterapia pode te ensinar? Mais uma vez: expanda seus horizontes.
Use seu conhecimento adquirido em experiências passadas
Meu primeiro seminário na AICI foi em 2019, antes da pandemia. Na ocasião, a então presidente da AICI Global, Riet de Vlieger, compartilhou da sua trajetória. O que ficou ressoando na minha mente foi: use seu conhecimento de experiências passadas. Boa parte dos profissionais de consultoria de imagem vem de outras profissões. E naquele momento eu entendi que meus 8 anos em vendas diretas de cosméticos não eram um “gap” na minha carreira. Não saí de um buraco negro. Todo conhecimento e toda experiência fazem parte da sua construção, da sua identidade, da sua história. Use!
Crie conteúdo autoral
Uma boa maneira de criar aquele conteúdo para chamar de seu, sem ipsis litteris, é voltar a atenção para as necessidades apresentadas pelas pessoas que te seguem e, especialmente, as que te contratam. Quais foram as dúvidas, dores e questões que você ajudou a resolver? Atendeu uma cliente que se sente apagada com cores claras? Recebeu uma dúvida sobre como combinar cintos coloridos? Um potencial cliente tem medo de fazer consultoria e ter que gastar um rim em compras? (Ouvi essa objeção hoje, com essas palavras). Com certeza muitas outras pessoas têm as mesmas questões e serão beneficiadas com as suas explicações. Elas vão achar que você lê pensamentos! É quase isso.
Seja fiel ao seu jeito de ser
O conteúdo de um colega te inspirou? Ok! Quem está realmente reinventando a roda nessa altura do campeonato? Quase todo mundo está trocando a embalagem para vender a mesma coisa. E o segredo mesmo é esse: traga a inspiração para o seu universo, faça um “mix” com a sua experiência, seu “background”, seu vocabulário, coloque uma pitada do seu repertório aleatório e crie uma receita só sua. Sempre que possível, use imagens produzidas por você, que retratem a sua visão. Evite compartilhar o que já está pronto, exatamente como está. Ou faça uma curadoria de conteúdos com o seu olhar. (Peça autorização e dê créditos. Sempre!) Escreva com as suas palavras, com seu jeitinho de ser, grave um vídeo cheio de orgulho do seu sotaque. Coloque de si na sua comunicação.
Sabe o que vai acontecer? Muita gente vai parar de te seguir, mas muitas outras vão se identificar com você, e são essas que importam. Essa é a sua comunidade. Um filtro natural, autêntico e muito libertador.
Por fim, nem só de rede social vive o marketing digital
Não coloque todas as suas moedas num único cofre. Muito já foi falado sobre o fato de o instagram/facebook ser uma casa emprestada, com alto custo de privacidade e segurança. Explore outras ferramentas de divulgação do seu trabalho: site próprio, mail-marketing, SEO, dentre outras.
Este artigo foi escrito por nossa associada Fê Ronconi (São Paulo/SP)
Consultora de Estilo e Imagem Pessoal
Proprietária da Be.Auth® @Be.Auth__
Há mais de 15 anos ajudando mulheres a terem uma relação de amor com a sua aparência e a serem protagonistas em sua jornada de (auto)imagem pessoal.