5 anos à frente

Dedicamos a newsletter de agosto ao futuro! Mais especificamente cinco anos à frente!

Esta é a proposta da nossa entrevistada Beia Carvalho, uma publicitária de formação, que encanta plateias palestrando sobre esse tema tão presente em nossas preocupações. Ela traz um olhar bastante apurado acerca do avanços tecnológicos e a nossa relação com este futuro tão próximo! Assunto bastante agregador!

1- Você é presidente da “5 YEARS FROM NOW” e dentro desse panorama como vê o mundo daqui há cinco anos?

Os próximos 5 anos vão ser uma loucura. Muitas das tecnologias que hoje são citadas a torto e a direito, deixarão de ser palavrões e começaremos a experimentar e testemunhar seus efeitos. Palavras como CRISPR deixarão de ser um verbete na Wikipedia, para virar notícia nas nossas timelines nos revelando consequências práticas de uma ferramenta de edição de genomas.

Um bom exercício é a gente pensar em 5 anos atrás, 2013. Já se falava da Inteligência Artificial e de Robôs. Mas você teria conseguido imaginar que algoritmos e machine learning nos levariam à distopia do fake news? A longevidade é comemorada, mas você se imagina vivendo até 120 e trabalhando até 100 anos? Quem tem menos de 40 anos tem 90% de chance de chegar aos 90 e seus filhos aos 120. Podemos ficar aqui horas exemplificando o que cada uma das novas tecnologias pode trazer de efeitos práticos para a sociedade global. Mas o que ainda é mais impressionante e inimaginável são todos os produtos, serviços e efeitos colaterais advindos da combinação dessas tecnologias. O futuro se parece muito mais com funções e nomenclaturas como nanobiotecnólogo ou neuroengenheiro, do que com médico, engenheiro e advogado. Extrapole esse conceito para tudo: gêneros, raças, partidos políticos.

 

2- Por que algumas profissões vão se transformar e outras estarão fadadas a desaparecer em poucos anos? 

Porque não apenas mudamos de século. Mudamos de era. E uma Nova Era precisa de tudo novo. Já temos 2 novas Gerações, a Y e a Z, as gerações que já são ou serão adultas neste novo milênio. A palavra chave desta nova era é exponencial. A velocidade com que acontecem as mudanças é exponencial. E desde a invenção da roda, no século 4 AC, até muito recentemente o ser humano viveu mudanças apenas de uma forma linear, passo a passo, degrau por degrau. Nesta nova era de mudanças exponenciais, pouco a pouco, processos hierárquicos vão caindo por terra e sendo substituídos por outros colaborativos, escaláveis, digitais, desmaterializados, desmonetizados, disruptivos e democratizados. Ufa! Não há como profissões que foram criados há mais de séculos resistirem a esse tsunami, compreende? Uma nova era traz novas necessidades, novos problemas, novos negócios. Uma nova era não tem mapa, não tem fórmula, nem estrada. Uma nova era tem oportunidades e riscos. Muitos riscos, a gente tem que se acostumar com eles. Neste cenário, a transformação, a extinção e a criação de novas profissões é absolutamente natural.

 

3- O quanto a profissão de consultor de imagem é automatizável?

Evito sempre que posso esse approach de substituição do homem pela máquina. Essa polarização, esse pensamento apocalíptico é altamente paralisador e desestimulante. Leva a um estado catatônico da sociedade que não traz nenhuma vantagem para nenhum lado. Nem para as máquinas, rs.

O movimento deve ser de curiosidade, querer conhecer, aprender, testar, brincar com a tecnologia que leva a automação. Afinal o que é Inteligência Artificial? Aprendi que ela é a mãe de todas as tecnologias. Mãe do Machine Learning e do Deep Learning. Tá difícil? Sim, cada vez mais. Por isso, não poderemos nunca mais parar de estudar sob risco de não entender nosso filho, neto daqui 5 anos. Como sempre digo: hora de parar de repetir. Hora de “learn” com as machines. Quero dizer, que muito antes de nos preocuparmos com a catástrofe final de termos nossa profissão robotizada, temos que aprender com os robôs, bots, e dar as mãos a eles. Juntos, trabalharemos muito melhor, mais rápido e com menos erros. Separados, ficamos nos eternos mimimis e vamos nos tornando zumbis.

 

4- Quais tecnologias já existentes podem ser utilizadas no sentido de substituir a tarefa do profissional de consultoria?

Acho que o consultor deve usar a tecnologia, seu faro e experiências para levar conhecimento e dados a seus clientes, aquilo que eles não vão achar no Google. Eu diria que o consultor deve levar também suas dúvidas, suas apostas, sua ousadia. Deve empoderar seu cliente a ousar. Um mundo de incertezas é um mundo onde quem prototipa (ou seja, quem ainda não tem a certeza, mas quer testar) vê o futuro mais rápido. Ou porque acerta, ou porque erra primeiro e consegue ver novas vias e atalhos, a partir da experimentação. O consultor deve ser o primeiro a experimentar as novas tecnologias: ou porque estudou, ou introjetou em seu próprio trabalho (experimentação), ou visitou empresas que implementaram essas tecnologias. A ameaça ao trabalho do profissional de consultoria não é a tecnologia. Ela é a sua melhor aliada. Ele pode se tornar um tradutor para seu cliente. Num mundo de máquinas, o melhor que temos a fazer é entender, e se esmerar nas potencialidades e qualidades atávicas e singulares do ser humano.

 

5- O que o consultor de imagem precisa saber para não ser pego de surpresa pelas mudanças?

Acredito que daqui para frente, sempre seremos pegos de surpresa. O que temos que mudar é a nossa mentalidade (mindset), em relação às surpresas. Um mundo em que as mudanças acontecem exponencialmente não há como estar preparado a todo tempo. A preparação é essa: tudo mudando a todo tempo. Como eu trafego neste mar? Nado rápido? Boio? Surfo?

 

6- Se tivesse que incentivar os profissionais de consultoria a fazerem seus projetos dentro da sua visão do  “5 YEARS FROM NOW”, o que você diria a eles?

Comportamentos mais fluidos, pessoas que ouvem e incitam os grupos a pensar soluções, na crença da colaboração e no compartilhamento de ideias, que geram produtividade num mundo complexo, com mudanças exponenciais. Essas são algumas das novas habilidades do presente e do futuro próximo. A curiosidade é a maior delas. A melhor forma de se destacar num mundo de máquinas é saber o que é ser um ser humano. Se você quiser competir com o que a máquina faz de melhor, ou for contra elas, ou se intimidar e se fechar diante delas, ou pior ainda, como é tão comum hoje em dia, zombar do poder delas, você já saiu perdendo este jogo.

Pense que hoje é algum dia de algum mês de 2023. Daqui a 5 anos. A viagem a Marte não será ficção cientifica, a cura de várias doenças impensáveis como o Parkinson e alguns cânceres estarão resolvidos, carros autônomos não serão mais uma novidade do Fantástico, e seu filho de 5 anos nunca vai aprender a dirigir. O que significa que aquele seu “sogro” que tem uma Autoescola e conseguiu criar todos os filhos com o que auferiu durante décadas de seu próprio negócio, não vai deixar esse empreendimento para os filhos. Poderá, sim, deixar muitas dívidas se não prestar atenção ao que vai acontecer daqui a 5 anos. Se não se convencer que a velocidade das mudanças deixou de ser linear para ser exponencial.

Ou podemos ficar num exemplo que está acontecendo hoje, mas que poderia ter sido previsto há quase 5 anos. O valor da licença para taxistas em Nova Iorque, que atingiu seu pico em 2014, com o valor de US$ 1,3 milhão (R$ 4,5 Milhões), foi despencando dia após dia até atingir o valor de US$ 200.000 (R$ 750 mil), este mês. Alguém, em sã consciência tinha dúvidas que os serviços de aplicativos estavam fadados ao sucesso? Temos que ter uma mente aberta para o futuro. Vamos fazer um flashback? Em 2014, o Uber lançou seu serviço de courier usando bicicletas para entregar pacotes. Foi o chute inicial para a transição do Uber para uma empresa de logística. Quem assistiu às minhas palestras desta época, me ouviu dizer que quem tinha que ter medo do Uber eram os Correios e não os taxistas. Neste mesmo ano, o serviço chegou à China e levantou US$ 1,2 bilhão com investidores de peso.

Muita gente acha que se não prestar atenção ao futuro, ele vai passar ao largo de seus negócios. Mas o que temos visto com mais frequência são os negócios sendo abalroados pelo futuro. Meu mote é Futurar para Faturar!

 

 

 

Picture1Beia Carvalho é palestrante futurista e presidente da Five Years From Now®.

Inspira plateias a viajar para o futuro e visualizarem suas empresas e vidas daqui a 5 anos. Beia pesquisa o futuro, os rumos da inovação e as gerações atuando nestes processos. Premiada com 4 leões em Cannes, integra a Rede de Repensadores e London Futurists. Prêmio Excelência Mulher, 2010. É publicitária graduada pela ECA-USP. Palestrou para as maiores marcas do país.

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