Políticos e candidatos a cargos eleitorais, assim como qualquer pessoa, têm na sua imagem pessoal uma excelente ferramenta de comunicação. Em tempos de campanha eleitoral, é natural que a atenção voltada para a imagem seja maior e que candidatos busquem o auxílio de profissionais na escolha de peças para o visual. No entanto, o que muitos candidatos ou coordenações de campanha ainda não perceberam, é que cuidar da imagem não é tão simples quanto parece. Não basta a escolha de uma roupa alinhada, um cabelo e uma maquiagem bem feitos. Uma imagem que realmente fale por si, conectada com valores e essência de uma pessoa, requer planejamento e escolhas conscientes.
A imagem que transmitimos tem o grande poder de estabelecer uma real conexão. Um visual que nos desperta para a atenção pode ser um caminho para ficarmos abertos para o que ainda está por vir, seja no que vai ser dito ou lido a seguir. No caso de uma campanha, onde precisamos saber além de um rosto e um número, o acesso a propostas, história de vida, causas defendidas, lutas, conquistas e desafios, é o que faz nos faz votar conscientemente. E a imagem pessoal pode ser determinante para que todas essas informações cheguem ou não até nós.
Assim, se a intenção é criar uma conexão entre candidato e eleitor, fazer com que se tenha interesse em conhecer melhor sua atuação, acompanhar compromissos e aparições nas redes, entender como o voto naquele indivíduo fará a diferença, temos na imagem pessoal, aqui incluindo a aparência, o comportamento e a linguagem não-verbal, a porta de entrada para essa troca de informações.
Primeiro, é necessário ter muito claras quais as mensagens que se pretende transmitir com a imagem. Somado a isso, essas mensagens precisam conversar com valores pessoais e com a história do candidato. Um dos resultados de um bom gerenciamento de imagem é a coerência neste alinhamento, ressaltando aquilo que de fato faça com que o eleitor se sinta representado. Conforto, bem-estar e conformidade com os gostos e preferências pessoais são também fundamentais. O candidato vem junto com uma personalidade e escolhas visuais já feitas anteriormente e, uma mudança radical, além de soar falso, pode gerar conflito para quem já acompanha sua trajetória.
É importante lembrar que, diferentemente de um cliente que esteja em um processo de aprimoramento de imagem, aqui não é um período para testes. Um simples ruído na comunicação pode trazer a desistência do voto, já que o que não faltam são possibilidades. Por isso, a importância de um planejamento e um pensamento voltado para os elementos que irão compor o visual cabem o quanto antes, seja da vida profissional ou pessoal.
A consultoria de imagem, bem como nossos estudos voltados para que a comunicação visual seja sempre coerente e eficaz, tem na imagem política um grande campo de atuação. O mais gratificante do nosso trabalho é extrair o melhor de cada indivíduo e externar esse melhor de forma que, num primeiro e rápido contato, aquela imagem já possa falar muito sobre quem se é e o que pretende, e seja o início de uma forte e verdadeira relação de confiança. Por fim, trabalhar a imagem de um candidato, ao contrário do que se possa pensar, não é mascarar defeitos ou criar um personagem para que as pessoas votem sem racionalizar ou ter contato com as reais intenções. Pelo contrário, a ideia é que o voto possa ser resultado de um conhecimento maior e aprofundamento na trajetória de quem se escolhe. Infelizmente, ainda vemos escolhas não baseadas em propostas, valores e ideais. E, para se chegar a isso, temos na imagem pessoal uma grande facilitadora.
Este artigo foi escrito por Clarice Dewes.
Consultora de Imagem Pessoal e Corporativa, com foco na gestão da imagem para instituições e indivíduos em posição de liderança.
Além dos atendimentos individuais, atuo no desenvolvimento de políticas de vestuário, treinamentos, palestras e demais programas que envolvam imagem e comportamento.
Uma resposta
Artigo muito esclarecedor e relevante diante do momento em que estamos vivendo. Muito bom, Clarice! Parabéns pelo artigo.