Imagem Pessoal e Maturidade

Vivemos em um país onde a longevidade é uma realidade estatística, conforme informação extraída da Agência Brasil[1], trazida abaixo:

 

“[…]A expectativa de vida do brasileiro ao nascer aumentou 12,4 anos entre 1980 e 2013, segundo dados divulgados hoje (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se a perspectiva de vida era 62,5 anos em 1980, no ano passado, passou a ser 74,9 anos, de acordo com a Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil – 2013.

Nesse período, a expectativa de vida das mulheres subiu mais do que a dos homens, passando de 65,7 anos em 1980 para 78,6 anos em 2013 (12,9 anos).[…]”

No entanto, envelhecer ainda é um tabu para muitas mulheres brasileiras. Deixar ou não cabelos grisalhos, ter ou não estilo, vestir-se de acordo com a idade e seguir ou não tendências de moda, manter-se ativa no mercado de trabalho, aproveitar a vida após o casamento dos filhos, da viuvez e da separação são alguns dos assuntos que permeiam a vida de uma mulher madura, que busca plenitude e felicidade, na que pode ser a melhor fase da sua vida e em seus diversos papéis sociais de mãe, esposa, empreendedora, dentre outros.


Você conhece os termos age shaming (vergonha da idade) e etarismo ou ageísmo?


O primeiro faz referência à conhecida regra de etiqueta de que nunca se deve perguntar a idade de uma mulher, pelo sentimento de desconforto que essa simples pergunta pode trazer para a maioria de nós.


Então, a vergonha[2] de acordo com Brené Brown, pesquisadora americana da Universidade de Houston, que ficou famosa por falar sobre o tema, “é um sentimento intenso ou crença de que somos imperfeitos e, portanto, podemos ser excluídos ou deixar de ser amados”.


Já etarismo ou ageísmo[3] significa um tipo de atitude e de pensamento “que é toda forma de estereótipo, preconceito e discriminação baseado em idade”. O tema ficou mais conhecido, após a influenciadora digital Cris Guerra postar em seu canal no YouTube e em seu perfil no Instagram, ambos sobre maturidade, um vídeo[4] em que critica um esquete do Porta dos Fundos[5] intitulado Responsável, em que Fábio Porchat interpreta um homem em uma reunião online que é interrompido pela mãe, uma mulher madura que é tratada como criança, de maneira equivocada e preconceituosa.


Com a pandemia, observamos que alguns desses tabus foram quebrados, como por exemplo o de deixar cabelos naturalmente grisalhos e enfrentar sem medo essa transição, que até pouco tempo era considerada sinônimo de desleixo. Atrizes[6] como Samara Felippo (42 anos) e Glória Pires (57 anos) se tornaram notícia e serviram de fonte de inspiração para muitas mulheres ao concretizarem a transformação capilar dos cabelos tingidos para os completamente grisalhos.


Por outro lado, muitas ainda são as barreiras a serem derrubadas pelas mulheres, como a própria aceitação do envelhecimento, o que não significa ter que deixar de lado o autocuidado, a busca por saúde e bem-estar e com certeza o cuidado com a imagem.


Mulheres desejam esconder os sinais desse envelhecimento, por um padrão há muito imposto de eterna juventude, mas não precisam sentir nenhuma vergonha ou esconder o próprio estilo ou a sua essência para que se percebam bonitas, felizes e adequadas.



Moda sem Idade


Há alguns anos estamos observando a indústria da moda fazendo um movimento de inclusão e diversidade nas passarelas e na criação de seus produtos.


Inclusão[7] segundo definição do dicionário é a “Integração absoluta de pessoas que possuem necessidades especiais ou específicas numa sociedade” e diversidade[8] “Conjunto diverso, múltiplo, composto por variadas coisas ou pessoas; multiplicidade”.  


São temas que foram trazidos para esse cenário gerando discussões a respeito de imagem, beleza e estilo e que estão, cada vez mais voltados para a aceitação de corpos, idades, etnias e orientação sexual de seus atores e consumidores, em um universo predominantemente dominado por padrões e estereótipos rigorosos e que causavam a ausência de identificação por parte do público que acompanhava os seus ditames sem, contudo, conseguir uma total identificação com o que era apresentado.


Nesse sentido, o movimento ageless ou moda sem idade surgiu nesse contexto, por um real reconhecimento de que estilo não tem data de validade e que o público maduro possui poder aquisitivo e clama por marcas que também os represente.


Assim, vemos campanhas, capas de revista e editoriais de moda trazendo mulheres maduras como protagonistas de um espaço que era limitado aos trinta ou trinta e cinco anos de idade.


Gostaria de destacar dois grandes ícones desse movimento: Lyn Slater[9] e Iris Apfel[10].


Lyn, uma antiga professora da Universidade de Nova York que, aos 61 anos, decidiu fundar o blog Accidental Icon, “porque estava tendo problemas para encontrar um blog ou revista de moda que oferecesse uma estética urbana, moderna e intelectual, mas também falasse com mulheres que vivem o que chamo de “vidas interessantes, mas comuns” nas cidades. Mulheres (como eu) que não são famosas ou celebridades, mas são inteligentes, criativas, modernas, ajustadas, atenciosas, engajadas, relacionadas e, o mais importante, claras e confortáveis ​​com quem são.”.


Iris Apfel, empresária, designer de interiores e ícone da moda estadunidense que esse ano completa cem anos de idade, segue inspirando uma geração de mulheres que admiram seu estilo e o seu vigor. Em 2005 foi inaugurada no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, uma exposição de enorme sucesso sobre o seu estilo, cujo título foi Rara Avis (Pássaro raro): A irreverência de Iris Apfel. Iris continua sendo convidada para campanhas publicitárias e editoriais de moda nos últimos anos, incluindo Kate Spade, MAC Cosmetics, Alexis Bittar, HSN e Le Bon Marché[11] e, por esse motivo é sempre lembrada quando o assunto é moda e maturidade.


Autoconhecimento que liberta


À medida que envelhecemos vamos nos conhecendo mais e fica mais fácil identificar nossos gostos pessoais, nosso estilo, trabalhar melhor a autoimagem e a autoconfiança.


Além disso, a longevidade tem impactado diretamente em uma mudança de mentalidade. Costuma-se dizer que os trinta anos de idade são os novos vinte, os quarenta anos os novos trinta, os cinquenta anos os novos quarenta e assim por diante. Isso se deve, acredito, aos avanços nos campos Tecnológico, da Medicina e da Estética que difundiram o acesso a serviços e informações, trouxeram a inserção de uma geração de mulheres a partir dos cinquenta anos em espaços há décadas não ocupados e a possibilidade de viver melhor e com mais saúde.


Trata-se de uma geração de mulheres – as chamadas 50+, que não se submetem a serem apenas mães e avós tradicionais. Essas mulheres estão empreendendo, estão inseridas no mercado de trabalho, estão preocupadas com a sua própria imagem e ansiosas por se reinventarem, sendo a Consultoria de Imagem uma excelente ferramenta para o atendimento desse anseio.


Vale lembrar, inclusive, que existe uma parcela de mulheres, a qual cresceu nas duas últimas décadas, que está fora do padrão estigmatizado de casamento com filhos e que se volta completamente para si mesma, objetivando o seu próprio crescimento e os desenvolvimentos físico, mental, emocional, incluindo nesses aspectos a imagem nos seus três pilares: aparência, comportamento e comunicação.


Atendimento humanizado e personalizado na Consultoria de Imagem


Para que possamos planejar uma imagem adequada para a maturidade, antes é preciso que a mulher se reconecte com ela mesma. O envelhecimento traz o privilégio da sabedoria, o despertar para um momento único, em que após viver muitas das vezes exclusivamente para o outro ou para o trabalho ela se vê sozinha com os seus sentimentos, livre e com um desejo enorme de tomar as rédeas de sua própria vida, se reinventar, iniciar novos desafios, projetos e viver com qualidade.


Na Consultoria utilizamos a escuta ativa, a empatia e sobretudo o respeito em nossos atendimentos. Enxergar a cliente em todas as suas peculiaridades deve ser uma premissa básica e constante que cada consultor deve ter, principalmente em se tratando de clientes 50+.


Isso porque, são mulheres que já passaram por diversas experiências em suas vidas, a idade traz, via de regra, uma certa dificuldade em implementar mudanças radicais e a aceitar opiniões ou considerações de terceiros. Nesse ponto, a paciência, o cuidado e a dedicação em nossa profissão devem ser redobrados, para que bons resultados possam ser percebidos.


Um suporte maior para o esclarecimento das dúvidas que possam surgir durante e após o término da Consultoria, abordagens diferenciadas e personalizadas, que evidenciem os benefícios do nosso trabalho também na melhor idade, ajudam a conquistar essa cliente que poderá ver no consultor um aliado fiel nesse caminho de redescoberta e aprendizagem mútua, em que a humanização não poderá jamais ser esquecida.



Este artigo foi escrito por Tatiana Cotrim:

Advogada, especialista em Gestão Estratégica pela UNESA, em Negócios da Moda pela FGV-RJ e em Propriedade Intelectual pela PUC-RJ. Consultora de Imagem com atuação voltada para o varejo e marca pessoal. Membro da Comissão de Direito da Moda da OAB-RJ e Graduanda em Marketing pela Belas Artes-SP.




[1] Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-12/expectativa-de-vida-do-brasileiro-aumenta-124-anos-entre-1980-e-2013 Acesso em 14/03/2021.

[2] RUIZ, Silvia. O que os cabelos grisalhos da Gloria Pires nos dizem sobre age shaming. 27 de novembro de 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/ageless/2020/11/27/o-que-os-cabelos-grisalhos-da-gloria-pires-nos-dizem-sobre-age-shaming.htm
Acesso em 14/03/2021.

[3] RUIZ, Silvia. Etarismo: vídeo do Porta dos Fundos trata geração 50+ como incapaz. 20 de janeiro de 2021. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/ageless/2021/01/20/etarismo-video-do-porta-dos-fundos-trata-geracao-50-como-incapaz.htm Acesso em 14/03/2021.

[4] GUERRA, Cris. YouTube. Querido Fabio Porchat. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8FbEVSyaRcQ

[5] Disponível em: https://www.portadosfundos.com.br/video/responsavel 

[6] Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Samara_Felippo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%B3ria_Pires Acesso em 14/03/2021.

[7] Disponível em:  https://www.dicio.com.br/inclusao/  Acesso em 14/03/2021.

[8] Disponível em: https://www.dicio.com.br/diversidade/ Acesso em 14/03/2021.

[9] Texto traduzido pela autora de: https://www.accidentalicon.com/about/ Acesso em 14/03/2021.

[10] Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Iris_Apfel Acesso em 14/03/2021.

[11] Disponível em: https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/aos-97-anos-iris-apfel-agora-e-da-mesma-agencia-de-gisele-bundchen Acesso em 14/03/2021.

2 respostas

  1. Maravilhoso! Com certeza há muitos tabus ainda a serem quebrados mas aos pouquinhos as mulheres estão tendo consciência da sua identidade e desenvolvendo cada vez mais o autoconhecimento elas seguem derrubando barreiras que as impedem de agir com orgulho e personalidade.

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